Rambam, sobre a Merkavá

(1) Não se pode expor, sobre o assunto de relações proibidas na presença de três. Nem sobre a obra da criação, na presença de dois. Nem sobre a obra da carruagem na presença de um, a menos que ele seja um sábio e compreenda por si mesmo. Quem especula sobre estas quatro coisas, teria sido melhor se ele não viesse ao mundo: o que está acima, o que está abaixo, o que veio antes e o que veio depois. E quem não pensa na honra de seu criador, seria melhor que não tivesse vindo ao mundo.

(5) Tu deves prestar atenção ao fato de que ele dividiu a <demut> humana, situada "acima do trono", em duas partes, "com o aspecto do fogo" (1: 27). Os Sábios explicaram que a palavra <Hashmal> é composta de duas concepções: <Hash> e <Mal>, isto é, da concepção de rapidez - indicada por <Hash> - e da concepção de cortar - indicada por <Mal> - e, portanto, o profeta pretendeu reunir, numa palavra, duas concepções opostas, por meio da menção alegórica dois conceitos, o superior e o inferior. Os sábios nos mostraram que, outra explicação seria dizer, que <Hashmal> é um termo derivado de duas palavras, que significam respectivamente, falar e calar; Querendo dizer com isso que, 'as vezes calam e às vezes falam'. Eles compreendiam o sentido de calar - Hash - como no verso, "Fiquei calado <Heshesheti> por um longo tempo" (Ieshaiahu 42: 14). Deste modo, <Hashmal> (no sentido de calar/falar) seria como um termo sem som, numa alusão a duas concepções antagônicas. Não resta dúvida que, quando disseram, "às veszes calam e outras, falam", estavam apontando para algo criado. Veja então, como nos disseram claramente, que a mesma "figura humana sobre o trono", que está dividida, não é uma Imagem da Divindade, pois, está além de qualquer complexidade e sim, a imagem de algo criado, conforme o profeta declarou: "este era o aspecto da aparência da <kavod> do HaShem" (Ieheskel 1: 28). E como a <kavod> do HaShem, não é o HaShem - conforme já explicado várias vezes - tudo que ele apresenta na alegoria, nestas percepções, não será outra coisa, senão a <kavod> de Elohim - a Mercavá - e não, quem monta nela (na alegoria), pois a Divindade não pode ser representada. Compreenda isso!

(2) ...Já explicamos que, estes assuntos pertencem aos "segredos da Torá", e você sabe como os Sábios condenavam aqueles que revelam estes segredos, e expunham claramente a grande recompensa de quem os ocultasse. [Estes segredos] são claros e conhecidos, àqueles dotados de "inclinação investigativa". No final do Tratado de Pessahim, os sábios interpretaram as palavras finais de "e seu ganho e seu salário..." senão dedicados aos que vivem com o HaShem, para que comam com satisfação <VeLim'hasseatik> (se vistam com distinção) - Ieshaiahu 23: 18 - como "que encobrem as coisas reveladas, por <Atissiomaia> - e o que são estas coisas?

Os segredos da Torá.

Portanto, se você é um destes que compreende, saiba o quanto eles advertiram sobre isso.

Eles explicaram claramente a profundidade do <Ma'asseh Mercavá>, e o quanto isso é inascessível, ao simplório.

Ficou claro, que aquele a quem a Divindade concedeu entendimento, está proibido pela Torá, de ensinar sobre isso, explicando aos outros; a não ser, oralmente e, ao indivíduo provido de determinadas qualidades. E mesmo assim, apenas os primeiros elementos. Este é o motivo desta sabedoria, ter desaparecido completamente da nossa Comunidade, a ponto de não ser mais encontrada, com ou sem volume. E deve ser assim mesmo, pois, isto deve ser transmitido por um sábio, para outro. Sem jamais ser colocado por escrito.

Deste modo, como eu despertaria a atenção, sobre aquilo que talvez, teria ficado claro para mim e, sem dúvida alguma, me foi esclarecido, conforme tal compreensão?

Abster-me de escrever algo daquilo que me foi elucidado, de tal modo que minha inevitável morte causasse a perca de tal saber, me parece como roubar a verdade de quem lhe é digno, ou invejar de quem herda sua herança - duas características condenáveis...

(5) E dentro desta <demut> havia quatro <hai'ot> com a <demut> de Adam

(10) E a <demut> de seus rostos (suas laterais), era como de um rosto (uma lateral) de Adam, e cada um dos quatro tinha uma lateral de leão à direita, cada um dos quatro tinha uma lateral de boi à esquerda, cada um dos quatro tinha uma lateral de água atrás.

(24) Quando se moviam, ouvi o som de suas asas, era como o som de águas correntes, como o som de <Shadai>, como o barulho de uma multidão, de um exército.